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Autor: Ketni Sofia Pires Prazeres

  • Saúde e cidadania: a importância da participação popular no SUS

    A qualidade de vida e a saúde de uma comunidade não dependem apenas de políticas públicas ou grandes projetos, mas também das pequenas e contínuas ações de cada cidadão. Você não precisa de um cargo público ou de muito dinheiro para fazer a diferença. Contribuir para o bem-estar coletivo é um ato de responsabilidade e cuidado que começa no dia a dia.

    Seja um Voluntário Ativo

    Uma das formas mais diretas de contribuir é doando seu tempo e suas habilidades. Procure por iniciativas locais, como projetos de limpeza de praças e rios, hortas comunitárias ou ações de apoio a ONGs. Se você tem habilidades específicas, como organização, jardinagem ou até mesmo conhecimento em informática, ofereça-se para ajudar em centros comunitários, escolas ou asilos. O voluntariado fortalece os laços sociais e resolve problemas práticos de forma colaborativa.

    Adote Hábitos que Beneficiam o Coletivo

    A saúde da comunidade está diretamente ligada ao meio ambiente. Seja consciente com o seu lixo: separe os materiais recicláveis e descarte-os corretamente. Economize água e energia, e opte por transportes que não poluem, como a bicicleta, ou use o transporte público. Ao manter sua própria casa e arredores limpos, você contribui para um ambiente mais seguro e agradável para todos. Pequenas atitudes, como não jogar lixo na rua, têm um impacto enorme.

    Promova Hábitos Saudáveis no Seu Círculo Social

    A saúde é contagiosa. Você pode influenciar positivamente as pessoas ao seu redor. Convide amigos e vizinhos para caminhadas no parque, organize grupos de corrida ou pratique esportes ao ar livre. Compartilhe receitas saudáveis e informações sobre os benefícios de uma boa alimentação. Ao fazer da sua própria saúde uma prioridade, você inspira os outros a fazerem o mesmo, criando uma cultura de bem-estar na comunidade.

    Apoie o Comércio Local e os Produtores da Região

    Comprar de pequenos comerciantes e produtores rurais da sua área fortalece a economia local e gera empregos. Isso significa que o dinheiro que você gasta permanece na comunidade, permitindo que ela prospere. Além de garantir produtos de maior qualidade e frescor, você ajuda a construir um senso de pertencimento e solidariedade entre os moradores e seus negócios.

    Participe da Vida Cívica

    A qualidade de vida na comunidade também depende de como ela é administrada. Participe de reuniões de bairro, vote em candidatos que se preocupam com as causas locais e cobre ações dos representantes eleitos. Sugira melhorias, como a instalação de uma nova lixeira, a poda de árvores ou a criação de ciclovias. Sua voz tem o poder de influenciar decisões que podem transformar o seu bairro para melhor.

    Ao adotar essas ações, você não está apenas melhorando a vida dos outros, mas também a sua. Uma comunidade saudável, segura e acolhedora é um lugar onde todos se sentem bem-vindos e valorizados. O primeiro passo é o mais importante: reconhecer que cada um de nós é uma peça-chave na construção de um futuro melhor para todos.

    O artigo a seguir foi extraído de Politize em artigo publicado em 1º de maio de 2018.

    por: Pâmela Morais

    No Brasil, saúde e cidadania estão intimamente ligadas. Isso se dá a partir do princípio da participação popular do SUS, que permite que o cidadão comum tenha poder de influenciar na qualidade dos serviços do setor. Tal princípio, que tem sido um dos fundamentos do funcionamento do Sistema Público de Saúde, é explicado neste texto. Venha conferir!

    O MOVIMENTO SANITARISTA E SUAS HERANÇAS

    Você já sabe o que foi o Movimento Sanitarista? Formado por técnicos da saúde, intelectuais, partidos políticos e organizações sociais, ele foi de extrema importância na luta pela democracia na época da ditadura militar – começou nos anos de 1970 –, principalmente no que se refere ao direito à saúde.

    Os ideais levantados por esse movimento foram compilados em um documento chamado Saúde e Democracia, que teve como uma das conquistas a realização da 8ª Conferência Nacional de Saúde, em 1986. Essa foi a primeira CNS aberta à sociedade. Tal evento entrou para a história como o momento em que foi feito esboço do Sistema Único de Saúde.

    O QUE A LEI ORGÂNICA DA SAÚDE DIZ

    Além de estipular os princípios que norteiam as ações do SUS, em seu artigo 7º a Lei Orgânica da Saúde garante o “direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde” e a “participação da comunidade”.

    A Lei nº 8.142 é mais específica quanto à participação popular e estipula as Conferências de Saúde e o Conselho de Saúde como as instâncias colegiadas às quais a sociedade civil tem direito (e dever) de comparecer. O termo “instâncias colegiadas” se refere à forma de gestão na qual uma decisão é tomada por um grupo. As pessoas que constituem esses órgãos detêm autoridade igual entre si e devem representar todas as categorias com direito de participação: prestadores de serviço, profissionais da saúde, representantes do governo e usuários do SUS.

    Ainda é essencial que em meio aos representantes da população haja a participação dos grupos sociais historicamente sub-representados nos processos de tomada de decisão política: as minorias. Exemplos de minorias são a população LGBT, a população negra, povos indígenas, mulheres, entre outros. Estudantes, aposentados e moradores do campo também são grupos que geralmente se organizam para levar reivindicações mais específicas às suas necessidades até os órgãos competentes.

    Mas afinal, qual a diferença entre o Conselho e a Conferência de Saúde?

    O QUE SÃO OS CONSELHOS DE SAÚDE?

    São órgãos deliberativos – que têm capacidade de decisão – e de caráter permanente. Têm como função formular estratégias para as políticas públicas de saúde, assim como realizar o controle e execução de tais ações nas instâncias correspondentes (o que inclui fiscalização de aspectos econômicos e financeiros). Tais órgãos estão presentes nas três esferas do governo, entretanto os Conselhos Municipais se destacam.

    Isso porque tais órgãos são essenciais para que o princípio de descentralização e comando único sejam colocados em prática. Como você viu, esse princípio objetiva que o município – por si só – tenha todas as condições para oferecer os devidos serviços de saúde, de forma soberana. Assim, as diretrizes do SUS conferem ao município grande responsabilidade, afinal, se as cidades conseguem controlar seus próprios serviços de saúde, o princípio de descentralização e mando único foi atingido totalmente.

    Além disso, os Conselhos Municipais caracterizam o meio de contato mais direto com os usuários do SUS. A população não apenas consegue entrar mais facilmente em contato com essa instância, como também é melhor compreendida por ela. Afinal, é muito mais fácil o próprio município entender e julgar quais as necessidades de seus habitantes.

    CONFERÊNCIAS DE SAÚDE

    As Conferências de Saúde são fóruns públicos realizados em intervalos de quatro anos que são divididos em três etapas: municipais, estaduais e nacional. Participam do evento todos os segmentos ali representados: entidades ligadas à saúde, prestadores de serviços, sociedade civil organizada e usuários do sistema público de saúde.

    Para garantir o melhor funcionamento das Conferências de Saúde, existe série de normativas a serem seguidas – as quais são definidas no Regulamento da Conferência de Saúde. Quatro regras são essenciais para você entender melhor o evento.

    Quem pode ser delegado nas três etapas de Conferência da Saúde?

    Qualquer pessoa que represente instituições governamentais, trabalhadores da saúde e usuários pode se candidatar a delegado. Se eleita, esta pessoa representará seu grupo na próxima fase da Conferência.

    Existe uma proporção para a representação dos diferentes grupos?

    Sim! O regulamento estipula que 50% dos delegados devem representar os usuários do sistema de saúde e suas coletividades organizadas; 25% dão voz aos trabalhadores da área da saúde e os últimos 25% são reservados aos delegados dos gestores e prestadores de serviço.

    É importante destacar que existem prazos para a realização das diversas etapas da Conferência de Saúde. Essas datas são estipuladas pelo regulamento daquela edição da conferência. Caso um estado ou município tenha realizado uma Conferência fora da janela de tempo estipulada pelo regulamento, a Conferência não será válida e outra deverá acontecer.

    Relatório da Conferência de Saúde

    Cada Conferência deve redigir um relatório resumido – de no máximo 20 páginas – para encaminhar à etapa seguinte do evento. O documento deve ser elaborado pelo Relator Geral e pelo Relator Adjunto, os quais são indicados pelo Conselho de Saúde Nacional. Além do processo de realização da Conferência, o relatório deve conter um número máximo de diretrizes e propostas a serem encaminhadas ao próximo nível. Tais “diretrizes” e “propostas” dizem respeito às estratégias sugeridas pela Conferência em questão para lidar com os problemas identificados ou implementar melhorias.

    Na 14ª CNS, por exemplo, realizada em 2011, os municípios podiam encaminhar sete diretrizes nacionais em seu relatório e cada diretriz conter 10 propostas. Já os estados e o Distrito Federal tinham um máximo de sete diretrizes a serem encaminhadas, cada uma delas podendo abranger cinco propostas que chegariam à etapa nacional da Conferência.

    Imagine que cada etapa da Conferência funcione como um fórum para identificar as prioridades locais em relação à saúde. Como são definidas essas prioridades locais? O relatório municipal é “filtrado” na Conferência Estadual, que identifica quais os tópicos mais urgentes e/ou viáveis entre aqueles levantados pelos municípios. Só após essa análise e discussão é que o relatório estadual é redigido e encaminhado à CNS, que aprova ou não as propostas levadas até a última instância, também hierarquizando a ordem de prioridade na sua implementação.

    Além desses aspectos, o regulamento ainda garante a publicização do relatório em todos os meios de comunicação disponíveis referentes à área da saúde, já que o documento é domínio público. Essa característica possibilita uma melhor fiscalização por parte tanto da população quanto do próprio governo, pois deixa claro quais são os problemas identificados por cada etapa da Conferência e as soluções nela estipuladas.

    Eixos temáticos das Conferências

    Cabe ao regulamento da CNS estipular o tema central do evento e os eixos que se relacionam a ele. Por exemplo, a 15ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em 2015, teve como tema “Saúde Pública de Qualidade para Cuidar Bem das Pessoas. Direito do Povo Brasileiro“, que trouxe consigo oito eixos:

    – Direito à saúde, garantia de acesso e atenção de qualidade;

    – Participação e controle social;

    – Valorização do trabalho e da educação em saúde;

    – Financiamento do SUS e relacionamento público-privado;

    – Gestão do SUS e modelos de atenção à saúde;

    – Informação, educação e política de comunicação do SUS;

    – Ciência, tecnologia e inovação no SUS;

    – Reformas democráticas e populares do Estado.

    A definição desses eixos é a forma de Conferência ter certeza que o tema escolhido para aquela edição do evento realmente será tratado.

    Principais avanços obtidos com as CNS

    Além do próprio “rascunho” do Sistema Único de Saúde, elaborado na 8ª Conferência Nacional de Saúde, outras vitórias também foram conseguidas na última década através desses eventos. Entre tais conquistas destaca-se o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), que consiste em um serviço pré-hospitalar de conexão entre as vítimas em situação de urgência e emergência e os recursos necessários para um atendimento completo.

    Outra “invenção” de uma conferência é a Estratégia Saúde da Família, que atua como uma porta de entrada do SUS. A ESF “busca promover a qualidade de vida da população brasileira e intervir nos fatores que colocam a saúde em risco, como falta de atividade física, má alimentação e o uso de tabaco”, conforme explicado no Portal do Ministério da Saúde.

    Ainda pode-se destacar o programa Rede Cegonha. Tal iniciativa tem como objetivo “estruturar e organizar a atenção à saúde materno-infantil no país e será implantada, gradativamente, em todo o território nacional, iniciando sua implantação respeitando o critério epidemiológico, taxa de mortalidade infantil e razão mortalidade materna e densidade populacional”, também segundo o Ministério da Saúde.

    COMO RELACIONAR SAÚDE E CIDADANIA NA PRÁTICA

    Mesmo com todas as garantias legais que possibilitam o controle social do SUS, nada disso adianta se não houver um real engajamento da população. Falar de participação popular ou controle social nas políticas públicas de saúde não significa apenas a implantação de ações que lidem com desperdícios, desvios e corrupção. O controle social vai além da função de vigilância e envolve também o dever de cobrar e auxiliar na efetividade e no comprometimento daqueles que fornecem os serviços de saúde.

    Para que isso aconteça, os cidadãos podem contar com outros meios além dos institucionais aqui mencionados, que seriam formas não institucionalizadas de participação e de realizar impacto nas atividades da saúde. Um exemplo desse modo de ação são os protestos – os quais podem não influenciar diretamente o Sistema de Saúde, mas muitas vezes causam impacto suficiente para que a pauta levantada pelo grupo chegue a um espaço onde decisões concretas possam ser tomadas.

    Outra medida não institucionalizada de participação é o comparecimento a grupos educativos sobre assuntos relacionados à saúde, que podem ser organizados por cidadãos. Esses grupos são como aulões ou palestras, que têm o objetivo de explicar determinado assunto e informar a população, sendo uma ótima forma de compreender a relação entre saúde e cidadania.

    Apesar de esses serem meios de participação “não institucionalizados”, isso não significa que eles sejam ilegais. Na realidade, o próprio relatório da 9ª Conferência Nacional de Saúde aponta como “importante que os movimentos populares criem e mantenham seus foros independentes e autônomos, buscando a discussão dos problemas e as soluções para as questões de saúde”.

    Ex-presidenta Dilma discursa na 15ª Conferência Nacional da Saúde (Foto: Karina Zambrana – SGEP/MS)

  • Hacker deixa rastro digital e é preso em menos de 48 horas

    Suspeito teria fornecido login e senha para criminosos, facilitando transferências em massa. Prejuízo de uma das empresas atacadas supera meio bilhão de reais.

    Um funcionário da empresa C&M Software foi preso pela Polícia Civil de São Paulo, suspeito de participar do que é considerado o maior golpe cibernético contra instituições financeiras no Brasil. João Nazareno Roque teria fornecido login e senha do sistema da empresa para um grupo de hackers, facilitando transferências em massa, muitas via Pix.

    A C&M Software presta serviços interligando pequenas instituições financeiras ao sistema de pagamentos do Banco Central. O montante total desviado ainda não foi revelado, mas apenas uma das empresas atacadas teve um prejuízo de aproximadamente R$ 541 milhões.

    Rastros digitais deixados pelos criminosos permitiram que a polícia chegasse ao suspeito em menos de 48 horas após os ataques. Além da prisão, a justiça determinou o bloqueio de R$ 270 milhões de uma conta usada para receber parte do dinheiro desviado.

    João Nazareno Roque informou à polícia que não conhece pessoalmente o grupo de hackers, comunicando-se apenas por celular. Ele admitiu que o número do aparelho era trocado a cada 15 dias para evitar rastreamento. Os investigadores anunciaram a formação de uma força-tarefa para localizar os demais criminosos envolvidos.

    Os ataques afetaram apenas as contas reservas usadas para movimentações financeiras entre as instituições e mantidas pelo Banco Central. Recursos de clientes não foram atingidos.

    Ronaldo Lemos, advogado especialista em tecnologia, elogiou a rápida atuação da polícia na identificação dos rastros digitais deixados pelos criminosos. No entanto, ele questionou as lacunas de segurança que permitiram o ataque. “Será que a credencial individual desse funcionário tinha o poder de fazer transações desse montante, de centenas de milhões de reais? Isso não é comum, porque esse tipo de transação exige vários fatores de confirmação”, pontuou Lemos.

    O especialista também criticou o uso apenas de login e senha para operações de alto valor, recomendando a implementação de múltiplos fatores de autenticação para reforçar a segurança.

  • Crise na saúde pública: nova confusão na UPA de Ceilândia expõe colapso no atendimento pediátrico

    Após quebra-quebra no domingo, nova tensão ocorre na noite desta segunda-feira (28); déficit de pediatras e superlotação agravam situação nas unidades do DF

    A Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) de Ceilândia voltou a ser palco de tumulto na noite desta segunda-feira (28), menos de 24 horas após um grupo de pacientes ter depredado a estrutura do local em protesto contra a demora no atendimento. Em meio à presença de policiais militares, que tentavam conter os ânimos, pacientes denunciaram as falhas na assistência médica. Uma mulher, indignada, cobrou providências: “Está todo mundo passando mal. Ninguém está aqui brincando, não”, desabafou.

    As imagens mostram a unidade lotada. A confusão mais recente ocorre na esteira de um episódio ocorrido no domingo (27), por volta das 19h50, quando usuários destruíram parte da estrutura da UPA. Uma pessoa foi detida por dano ao patrimônio público. Segundo o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF (Iges-DF), a origem do tumulto foi a decisão da unidade de restringir temporariamente o atendimento pediátrico, para priorizar crianças internadas em estado grave. No momento da confusão, apenas quatro clínicos e uma pediatra estavam de plantão.

    Na tarde desta segunda-feira, crianças com sintomas como febre alta e dificuldade para respirar só eram atendidas caso apresentassem febre acima de 39°C e saturação de oxigênio inferior a 85%. A restrição segue sem prazo para ser suspensa, e o Iges-DF recomenda que os pacientes busquem atendimento em outras unidades, como a UPA II de Ceilândia.

    Com o colapso em Ceilândia, pais percorrem diferentes unidades em busca de assistência. Sem conseguir atendimento no Guará, onde só são acolhidos casos classificados como “vermelhos”, alguns pais seguiram para Ceilândia e enfrentaram o mesmo protocolo rígido.

    A crise não se restringe à Ceilândia. A falta de médicos também atinge outras unidades próximas, como a UPA do Setor O. Com isso, famílias têm se deslocado para cidades vizinhas, como Samambaia e Recanto das Emas, em busca de socorro.

    Em nota, o Iges-DF afirmou que a medida emergencial visa preservar vidas e reconheceu que a escassez de pediatras, agravada pela sazonalidade das doenças respiratórias, tem dificultado a recomposição das equipes. A entidade condenou os atos de violência e alertou que essas atitudes tornam o ambiente mais hostil para profissionais e pacientes.

    Segundo o Sindicato dos Médicos do Distrito Federal (SindMédico), o déficit de pediatras na rede pública é alarmante: faltam 172 profissionais. Atualmente, a Secretaria de Saúde do DF conta com 445 pediatras — número 35% menor que o registrado em 2014, quando havia 684. O Iges-DF, responsável pelas UPAs e por hospitais como o de Santa Maria e o de Base, dispõe de apenas 168 especialistas da área.

    Entre 2018 e 2025, 603 pediatras foram nomeados para a rede pública, mas apenas 124 assumiram os cargos. O motivo, segundo o sindicato, está nas más condições de trabalho e na baixa remuneração oferecida. “Não faltam médicos no mercado. Faltam no serviço público, porque não há política de valorização”, disse o presidente da entidade, Guttemberg Fialho.

    O cenário se agrava diante da explosão de casos de doenças respiratórias. De acordo com o sistema InfoSaúde, entre a 1ª e a 14ª semana de 2025, foram registrados 85.791 atendimentos por síndromes gripais na rede pública. Desse total, 15.756 envolveram crianças de até 3 anos. Só nessa faixa etária, o número de casos saltou de 307 na primeira semana do ano para 1.852 na 14ª.

    Para o SindMédico, a solução passa por uma reformulação no plano de carreira e pela realização de concurso público com ampla convocação. A contratação temporária, defendida pela Secretaria de Saúde, não tem surtido efeito. Dos 175 profissionais pretendidos, apenas 38 foram efetivamente contratados.

  • Déficit de 941 leitos superlota e trava UPAs e hospitais no DF

    Déficit de 941 leitos superlota e trava UPAs e hospitais no DF

    Texto original extraído na integra de: Coren DF em 14 de maio de 2025, replicando notícia do portal Metrópoles.

    A revolta de famílias pela falta de atendimento para crianças nas unidades de pronto atendimento (UPAs) e no Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib) é resultado da falta de leitos de transição para internação. Segundo o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), atualmente, faltam 941 leitos de retaguarda.

    As UPAs deveriam atender pacientes em, no máximo, 24 horas e os casos de internação transferidos para leitos de retaguarda.

    Poucos dias antes de famílias revoltadas pela falta de atendimento depredarem a UPA de Ceilândia, em 27 de abril de 2025, o Conselho Regional de Medicina (CRM-DF), fez uma diligência na unidade e identificou pacientes internados por 20 dias. A crise é agravada pela temporada de doenças respiratórias, prejudicando principalmente crianças.

    A promotora Hiza Carpina, da promotoria de Justiça de Defesa da Saúde (Prosus), ajuizou uma ação civil pública (ACP) na Justiça para forçar o DF a adotar medidas a fim de acabar com o déficit de leitos de transição.

    Segundo Hiza, o problema é complexo e demanda medidas de curto, médio e longo prazos. “A gente tem um déficit gigantesco de leito de retaguarda”, alertou. Faltam 584 leitos de clínica médica e 357 de pediatria geral. “O problema não é só contratar pediatrias. Só isso não resolve, porque as condições de trabalho são deletérias”, completou.

    “Com os leitos de retaguarda você consegue esvaziar o pronto-socorro e dar giro de leitos. Você consegue fazer com que esse paciente saia do pronto-socorro para o leito, onde precisa estar o atendimento, e não fica represado”, explicou.

    Hiza lembrou que a rede pública local acolhe e trata pacientes de outras unidades da Federação. Para a promotora, o DF deveria dialogar com Goiás, com objetivo de definir uma estratégia conjunta para reforçar a assistência. “Quando você deixa um paciente represado na porta. Você nega o direito à saúde para esse paciente”, assinalou.

    Não basta novas UPAs

    Pelo diagnóstico da presidente do CRM-DF, Lívia Vanessa Ribeiro Gomes Pansera, a estrutura hospitalar do DF é antiga. E apenas a abertura de UPAs não resolve o problema. Além do número de leitos de retaguarda, a rede pública precisa de reforço na Atenção Primária, na visão dela.

    “Vimos pacientes internados por 20 dias na UPA de Ceilândia. Os pacientes estavam em leitos improvisados, sem cadeira, sem suporte adequado. Afinal, não eram leitos, eram adaptações”, contou. Lívia Vanessa lembrou que existem leitos de retaguarda bloqueados pela falta de profissionais de saúde nas equipes.

    Adoecimento

    Segundo o presidente do Conselho Regional de Enfermagem (CRE-DF), Elissandro Noronha, o déficit de leitos está diretamente ligado à falta de servidores. E cada profissional afastado acaba adoecendo os demais profissionais da equipe por sobrecarga de trabalho. Muitos sofrem com burnout, por exemplo.

    “A população não sente que tem acesso à saúde. Porque o paciente recebe negativa em todos os pontos da rede. Ele precisa entrar e ser atendido. É preciso garantir o que está na Constituição Federal: o direito à saúde. Falta gestão nos processos de trabalho, recursos humanos e estrutura”, pontuou.

    Outro Lado

    O Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF (Iges/DF) realizou a ampliação de carga horária de profissionais, com pagamento de horas extras nas UPAs 24 horas que apresentam maior demanda, garantindo maior cobertura assistencial nos momentos de pico.

    “Diante da sazonalidade em que estamos, esse tempo se estende além do ideal, por questões de superlotações em todas as unidades de saúde e, principalmente, pela necessidade de aguardar uma vaga em leito hospitalar compatível com o perfil clínico do paciente e a disponibilidade do mesmo”, argumentou o Iges.

    Portaria nº 10 de 3 de janeiro de 2017
    Produção das UPAs 24h (jan-abr/2025)
  • Hacker atua com polícia e impede estupro de jovem em SP

    Hacker atua com polícia e impede estupro de jovem em SP

    Por Vitor Guerras no Só Notícia Boa 

    Essa hacker atuou com a polícia de São Paulo (SP) para impedir o estupro de uma adolescente. Além de evitar a violência, a jovem conseguiu fornecer a localização do suspeito para a polícia.

    Vitória Okia, de 24 anos, é estudante de engenharia de software e mora em Araçatuba (SP). Atuando voluntariamente em investigações policiais ligadas a redes sociais, começou a monitorar uma conversa entre o suspeito e a adolescente pelo Discord.

    O criminoso, que se identificava na plataforma como “Barbey”, confessou a outros membros que tinha a intenção de estuprar a jovem. O encontro entre os dois teria sido marcado em um shopping, mas com os dados que Vitória forneceu aos policiais, o homem foi preso e a menina está em segurança!

    Rastreio da conversa

    Vitória tem uma empresa de serviços tecnológicos e decidiu usar o conhecimento para fazer o bem. No caso dessa investigação, ela salvou uma vida!

    Aos poucos, ela foi conseguindo rastrear a conversa. “Ele disse nas mensagens que, além de levar uma lâmina para passar no pescoço da vítima, ia estuprar e matar ela [sic]”, relatou a jovem.

    Com algumas informações, a hacker chegou até os familiares da menina. Em seguida, enviou uma mensagem ao pai da criança. De início, o homem achou se tratar de um golpe, mas logo percebeu que o perigo era real.

    Polícia agradece

    Vitória ainda orientou os pais da menina, que foram até a polícia e registraram um boletim de ocorrência.

    Agora, o resto era com a polícia, que, com autorização da justiça, foi até a casa do suspeito e prendeu o homem. O criminoso já tinha uma extensa ficha, incluindo outros casos de abuso.

    Para o agente policial Geraldo Moreira Gomes Filho, do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), em São Paulo (SP), o trabalho de Vitória foi fundamental.

    “No caso do Barbey, recebemos muitas informações e provas que colaboraram para a prisão do investigado. O primeiro contato com a Vitória foi por conta do grande número de vítimas de violência pelas redes sociais e também por meio de uma jornalista que foi até a delegacia e nos apresentou ao hacker. Diante disso, vimos que ela poderia nos ajudar nas investigações”, disse em entrevista ao G1.

    “Faço para ajudar”

    Vitória é o que chamamos de hacker ético, um profissional que utiliza o conhecimento e ferramentas de tecnologia para evitar crimes.

    “Tudo o que eu posso fazer, que está ao meu alcance, eu faço para ajudar. Várias meninas me pedem ajuda com casos parecidos e também sérios”, destacou.

    A área de atuação da estudante de engenharia está, principalmente, no Discord.

    “Eu atuo voluntariamente em investigações na plataforma Discord, na qual, dentro dos servidores chamados de ‘panelas’, acontecem diversos crimes. Muitas vezes, esses servidores são menores de idade, tanto os agressores quanto às vítimas”, contou.

    Além disso, ela também dá palestras gratuitas em escolas da região. O objetivo é conscientizar os jovens e evitar outros tipos de crimes.

  • Como o celular e as redes sociais afetam os adolescentes?

    Como o celular e as redes sociais afetam os adolescentes?

    Texto original extraído na integra de: https://pequenoprincipe.org.br/noticia/como-o-celular-e-as-redes-sociais-afetam-os-adolescentes/

    Hospital Pequeno Príncipe alerta sobre como o celular e as redes sociais afetam os adolescentes e dá dicas para a utilização equilibrada.

    O uso excessivo de celular e redes sociais pode ter diversos efeitos negativos na saúde mental, física e social dos adolescentes. Por isso, o Hospital Pequeno Príncipe dá dicas sobre como promover a utilização equilibrada e responsável dessas tecnologias, para minimizar os malefícios e garantir o bem-estar. Ainda mais em uma fase que já é marcada por muitas mudanças significativas, como a puberdade e formação do cérebro adulto.

    A psicóloga e coordenadora do Serviço de Psicologia do Hospital Pequeno Príncipe, Angelita Wisnieski da Silva, pontua que a satisfação imediata gerada pelo uso das redes sociais pode levar a um mecanismo cerebral de dependência. Ou seja, gera uma desordem neurológica que afeta o sistema de recompensa do cérebro, que necessita cada vez mais desse consumo. “Se os pais notarem perda de interesse pelos estímulos reais e cotidianos em um nível que só as redes sociais parecem satisfazer, precisam buscar ajuda especializada”, alerta.

    Geração ansiosa

    Estudos indicam que a exposição excessiva às telas está correlacionada com o aumento da ansiedade entre adolescentes. O uso frequente de dispositivos digitais gera um excesso de estímulos, sobrecarregando o cérebro em desenvolvimento. Além disso, interfere em atividades essenciais como brincar, socializar, descansar e alimentar-se adequadamente.

    De acordo com a psicóloga Marjorie Rodrigues Wanderley, do Hospital Pequeno Príncipe, dois principais fatores estão relacionados ao aumento dos casos de ansiedade. São eles: a frequência e o modo de uso.

    Quanto à frequência, uma exposição a telas por um tempo excessivo acaba gerando um excesso de estímulos com os quais o cérebro não está preparado para lidar. Já o modo de uso diz respeito ao conteúdo. Por exemplo, jogos digitais e redes sociais oferecem estímulos visuais e sonoros intensos e recompensas frequentes, o que pode levar a uma produção excessiva de dopamina no cérebro. Embora seja conhecida como neurotransmissor da felicidade, a substância em excesso pode causar ansiedade devido ao ritmo acelerado no qual se dá o mundo digital.

    O psicólogo americano Jonathan Haidt, autor do livro “A geração ansiosa” destaca quatro soluções urgentes. Primeiro, não liberar smartphones antes dos 14 anos (no máximo, disponibilizar um celular só para chamadas e SMS). Segundo, adolescentes entrarem nas redes sociais apenas após os 16 anos. Além disso, não permitir o uso de celular na escola, para incentivar os aprendizados, brincadeiras e interações de forma integral. Por fim,  proporcionar uma infância mais independente.

    Como o celular e as redes sociais afetam os adolescentes?

    O uso excessivo e sem ponderação pode afetar o desenvolvimento cognitivo, emocional e social, gerando problemas como:

    • dificuldades de aprendizado, atenção, concentração e comunicação;
    • interferência na capacidade de criatividade e na solução de problemas;
    • problemas de autoestima, autoimagem e autoconfiança;
    • quadros de ansiedade, impulsividade, depressão e isolamento;
    • alto risco de golpes e cyberbullying (intimidações e agressões no ambiente virtual);
    • privação do sono e atividades físicas, bem como alimentação inadequada;
    • problemas de visão e de postura.

    Dicas para pais e cuidadores

    Segundo Angelita, não há consenso entre os estudiosos sobre a maneira ideal de evitar e prevenir as consequências do uso de telas e redes sociais para a saúde mental. Porém, falar a respeito dos riscos do excesso é uma necessidade primordial. Ela também destaca algumas estratégias, como:

    • seja um bom exemplo e fique atento ao próprio tempo de exposição às telas;
    • deixe o celular de lado em momentos de convivência para dar atenção às interações reais;
    • proporcione interações reais em diferentes ambientes e com pessoas de outras gerações;
    • proporcione estímulos atrativos, como jogos e desafios, que geram satisfação, diversão e fortalecimento dos vínculos;
    • ajude o adolescente a desenvolver estratégias para lidar com a realidade, como o vazio e o tédio. Afinal, o cotidiano não é sempre satisfatório e divertido;
    • incentive e apoie o adolescente a encontrar propósitos, motivações e satisfações com a vida real;
    • mantenha e estimule relações de afeto e vínculos de confiança para que o adolescente reconheça seu lugar de pertencimento fora das redes sociais;
    • estabeleça limites de uso de telas, supervisione e priorize jogos e filmes com fins educativos, com o intuito de estimular o desenvolvimento cognitivo;
    • monitore as redes sociais do adolescente, tanto observando com quem ocorrem as interações quanto perguntando e conversando a respeito.

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