data_localidade

Categoria: Saúde

  • Crise na saúde pública: nova confusão na UPA de Ceilândia expõe colapso no atendimento pediátrico

    Após quebra-quebra no domingo, nova tensão ocorre na noite desta segunda-feira (28); déficit de pediatras e superlotação agravam situação nas unidades do DF

    A Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) de Ceilândia voltou a ser palco de tumulto na noite desta segunda-feira (28), menos de 24 horas após um grupo de pacientes ter depredado a estrutura do local em protesto contra a demora no atendimento. Em meio à presença de policiais militares, que tentavam conter os ânimos, pacientes denunciaram as falhas na assistência médica. Uma mulher, indignada, cobrou providências: “Está todo mundo passando mal. Ninguém está aqui brincando, não”, desabafou.

    As imagens mostram a unidade lotada. A confusão mais recente ocorre na esteira de um episódio ocorrido no domingo (27), por volta das 19h50, quando usuários destruíram parte da estrutura da UPA. Uma pessoa foi detida por dano ao patrimônio público. Segundo o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF (Iges-DF), a origem do tumulto foi a decisão da unidade de restringir temporariamente o atendimento pediátrico, para priorizar crianças internadas em estado grave. No momento da confusão, apenas quatro clínicos e uma pediatra estavam de plantão.

    Na tarde desta segunda-feira, crianças com sintomas como febre alta e dificuldade para respirar só eram atendidas caso apresentassem febre acima de 39°C e saturação de oxigênio inferior a 85%. A restrição segue sem prazo para ser suspensa, e o Iges-DF recomenda que os pacientes busquem atendimento em outras unidades, como a UPA II de Ceilândia.

    Com o colapso em Ceilândia, pais percorrem diferentes unidades em busca de assistência. Sem conseguir atendimento no Guará, onde só são acolhidos casos classificados como “vermelhos”, alguns pais seguiram para Ceilândia e enfrentaram o mesmo protocolo rígido.

    A crise não se restringe à Ceilândia. A falta de médicos também atinge outras unidades próximas, como a UPA do Setor O. Com isso, famílias têm se deslocado para cidades vizinhas, como Samambaia e Recanto das Emas, em busca de socorro.

    Em nota, o Iges-DF afirmou que a medida emergencial visa preservar vidas e reconheceu que a escassez de pediatras, agravada pela sazonalidade das doenças respiratórias, tem dificultado a recomposição das equipes. A entidade condenou os atos de violência e alertou que essas atitudes tornam o ambiente mais hostil para profissionais e pacientes.

    Segundo o Sindicato dos Médicos do Distrito Federal (SindMédico), o déficit de pediatras na rede pública é alarmante: faltam 172 profissionais. Atualmente, a Secretaria de Saúde do DF conta com 445 pediatras — número 35% menor que o registrado em 2014, quando havia 684. O Iges-DF, responsável pelas UPAs e por hospitais como o de Santa Maria e o de Base, dispõe de apenas 168 especialistas da área.

    Entre 2018 e 2025, 603 pediatras foram nomeados para a rede pública, mas apenas 124 assumiram os cargos. O motivo, segundo o sindicato, está nas más condições de trabalho e na baixa remuneração oferecida. “Não faltam médicos no mercado. Faltam no serviço público, porque não há política de valorização”, disse o presidente da entidade, Guttemberg Fialho.

    O cenário se agrava diante da explosão de casos de doenças respiratórias. De acordo com o sistema InfoSaúde, entre a 1ª e a 14ª semana de 2025, foram registrados 85.791 atendimentos por síndromes gripais na rede pública. Desse total, 15.756 envolveram crianças de até 3 anos. Só nessa faixa etária, o número de casos saltou de 307 na primeira semana do ano para 1.852 na 14ª.

    Para o SindMédico, a solução passa por uma reformulação no plano de carreira e pela realização de concurso público com ampla convocação. A contratação temporária, defendida pela Secretaria de Saúde, não tem surtido efeito. Dos 175 profissionais pretendidos, apenas 38 foram efetivamente contratados.

  • Déficit de 941 leitos superlota e trava UPAs e hospitais no DF

    Déficit de 941 leitos superlota e trava UPAs e hospitais no DF

    Texto original extraído na integra de: Coren DF em 14 de maio de 2025, replicando notícia do portal Metrópoles.

    A revolta de famílias pela falta de atendimento para crianças nas unidades de pronto atendimento (UPAs) e no Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib) é resultado da falta de leitos de transição para internação. Segundo o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), atualmente, faltam 941 leitos de retaguarda.

    As UPAs deveriam atender pacientes em, no máximo, 24 horas e os casos de internação transferidos para leitos de retaguarda.

    Poucos dias antes de famílias revoltadas pela falta de atendimento depredarem a UPA de Ceilândia, em 27 de abril de 2025, o Conselho Regional de Medicina (CRM-DF), fez uma diligência na unidade e identificou pacientes internados por 20 dias. A crise é agravada pela temporada de doenças respiratórias, prejudicando principalmente crianças.

    A promotora Hiza Carpina, da promotoria de Justiça de Defesa da Saúde (Prosus), ajuizou uma ação civil pública (ACP) na Justiça para forçar o DF a adotar medidas a fim de acabar com o déficit de leitos de transição.

    Segundo Hiza, o problema é complexo e demanda medidas de curto, médio e longo prazos. “A gente tem um déficit gigantesco de leito de retaguarda”, alertou. Faltam 584 leitos de clínica médica e 357 de pediatria geral. “O problema não é só contratar pediatrias. Só isso não resolve, porque as condições de trabalho são deletérias”, completou.

    “Com os leitos de retaguarda você consegue esvaziar o pronto-socorro e dar giro de leitos. Você consegue fazer com que esse paciente saia do pronto-socorro para o leito, onde precisa estar o atendimento, e não fica represado”, explicou.

    Hiza lembrou que a rede pública local acolhe e trata pacientes de outras unidades da Federação. Para a promotora, o DF deveria dialogar com Goiás, com objetivo de definir uma estratégia conjunta para reforçar a assistência. “Quando você deixa um paciente represado na porta. Você nega o direito à saúde para esse paciente”, assinalou.

    Não basta novas UPAs

    Pelo diagnóstico da presidente do CRM-DF, Lívia Vanessa Ribeiro Gomes Pansera, a estrutura hospitalar do DF é antiga. E apenas a abertura de UPAs não resolve o problema. Além do número de leitos de retaguarda, a rede pública precisa de reforço na Atenção Primária, na visão dela.

    “Vimos pacientes internados por 20 dias na UPA de Ceilândia. Os pacientes estavam em leitos improvisados, sem cadeira, sem suporte adequado. Afinal, não eram leitos, eram adaptações”, contou. Lívia Vanessa lembrou que existem leitos de retaguarda bloqueados pela falta de profissionais de saúde nas equipes.

    Adoecimento

    Segundo o presidente do Conselho Regional de Enfermagem (CRE-DF), Elissandro Noronha, o déficit de leitos está diretamente ligado à falta de servidores. E cada profissional afastado acaba adoecendo os demais profissionais da equipe por sobrecarga de trabalho. Muitos sofrem com burnout, por exemplo.

    “A população não sente que tem acesso à saúde. Porque o paciente recebe negativa em todos os pontos da rede. Ele precisa entrar e ser atendido. É preciso garantir o que está na Constituição Federal: o direito à saúde. Falta gestão nos processos de trabalho, recursos humanos e estrutura”, pontuou.

    Outro Lado

    O Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF (Iges/DF) realizou a ampliação de carga horária de profissionais, com pagamento de horas extras nas UPAs 24 horas que apresentam maior demanda, garantindo maior cobertura assistencial nos momentos de pico.

    “Diante da sazonalidade em que estamos, esse tempo se estende além do ideal, por questões de superlotações em todas as unidades de saúde e, principalmente, pela necessidade de aguardar uma vaga em leito hospitalar compatível com o perfil clínico do paciente e a disponibilidade do mesmo”, argumentou o Iges.

    Portaria nº 10 de 3 de janeiro de 2017
    Produção das UPAs 24h (jan-abr/2025)
  • Como o celular e as redes sociais afetam os adolescentes?

    Como o celular e as redes sociais afetam os adolescentes?

    Texto original extraído na integra de: https://pequenoprincipe.org.br/noticia/como-o-celular-e-as-redes-sociais-afetam-os-adolescentes/

    Hospital Pequeno Príncipe alerta sobre como o celular e as redes sociais afetam os adolescentes e dá dicas para a utilização equilibrada.

    O uso excessivo de celular e redes sociais pode ter diversos efeitos negativos na saúde mental, física e social dos adolescentes. Por isso, o Hospital Pequeno Príncipe dá dicas sobre como promover a utilização equilibrada e responsável dessas tecnologias, para minimizar os malefícios e garantir o bem-estar. Ainda mais em uma fase que já é marcada por muitas mudanças significativas, como a puberdade e formação do cérebro adulto.

    A psicóloga e coordenadora do Serviço de Psicologia do Hospital Pequeno Príncipe, Angelita Wisnieski da Silva, pontua que a satisfação imediata gerada pelo uso das redes sociais pode levar a um mecanismo cerebral de dependência. Ou seja, gera uma desordem neurológica que afeta o sistema de recompensa do cérebro, que necessita cada vez mais desse consumo. “Se os pais notarem perda de interesse pelos estímulos reais e cotidianos em um nível que só as redes sociais parecem satisfazer, precisam buscar ajuda especializada”, alerta.

    Geração ansiosa

    Estudos indicam que a exposição excessiva às telas está correlacionada com o aumento da ansiedade entre adolescentes. O uso frequente de dispositivos digitais gera um excesso de estímulos, sobrecarregando o cérebro em desenvolvimento. Além disso, interfere em atividades essenciais como brincar, socializar, descansar e alimentar-se adequadamente.

    De acordo com a psicóloga Marjorie Rodrigues Wanderley, do Hospital Pequeno Príncipe, dois principais fatores estão relacionados ao aumento dos casos de ansiedade. São eles: a frequência e o modo de uso.

    Quanto à frequência, uma exposição a telas por um tempo excessivo acaba gerando um excesso de estímulos com os quais o cérebro não está preparado para lidar. Já o modo de uso diz respeito ao conteúdo. Por exemplo, jogos digitais e redes sociais oferecem estímulos visuais e sonoros intensos e recompensas frequentes, o que pode levar a uma produção excessiva de dopamina no cérebro. Embora seja conhecida como neurotransmissor da felicidade, a substância em excesso pode causar ansiedade devido ao ritmo acelerado no qual se dá o mundo digital.

    O psicólogo americano Jonathan Haidt, autor do livro “A geração ansiosa” destaca quatro soluções urgentes. Primeiro, não liberar smartphones antes dos 14 anos (no máximo, disponibilizar um celular só para chamadas e SMS). Segundo, adolescentes entrarem nas redes sociais apenas após os 16 anos. Além disso, não permitir o uso de celular na escola, para incentivar os aprendizados, brincadeiras e interações de forma integral. Por fim,  proporcionar uma infância mais independente.

    Como o celular e as redes sociais afetam os adolescentes?

    O uso excessivo e sem ponderação pode afetar o desenvolvimento cognitivo, emocional e social, gerando problemas como:

    • dificuldades de aprendizado, atenção, concentração e comunicação;
    • interferência na capacidade de criatividade e na solução de problemas;
    • problemas de autoestima, autoimagem e autoconfiança;
    • quadros de ansiedade, impulsividade, depressão e isolamento;
    • alto risco de golpes e cyberbullying (intimidações e agressões no ambiente virtual);
    • privação do sono e atividades físicas, bem como alimentação inadequada;
    • problemas de visão e de postura.

    Dicas para pais e cuidadores

    Segundo Angelita, não há consenso entre os estudiosos sobre a maneira ideal de evitar e prevenir as consequências do uso de telas e redes sociais para a saúde mental. Porém, falar a respeito dos riscos do excesso é uma necessidade primordial. Ela também destaca algumas estratégias, como:

    • seja um bom exemplo e fique atento ao próprio tempo de exposição às telas;
    • deixe o celular de lado em momentos de convivência para dar atenção às interações reais;
    • proporcione interações reais em diferentes ambientes e com pessoas de outras gerações;
    • proporcione estímulos atrativos, como jogos e desafios, que geram satisfação, diversão e fortalecimento dos vínculos;
    • ajude o adolescente a desenvolver estratégias para lidar com a realidade, como o vazio e o tédio. Afinal, o cotidiano não é sempre satisfatório e divertido;
    • incentive e apoie o adolescente a encontrar propósitos, motivações e satisfações com a vida real;
    • mantenha e estimule relações de afeto e vínculos de confiança para que o adolescente reconheça seu lugar de pertencimento fora das redes sociais;
    • estabeleça limites de uso de telas, supervisione e priorize jogos e filmes com fins educativos, com o intuito de estimular o desenvolvimento cognitivo;
    • monitore as redes sociais do adolescente, tanto observando com quem ocorrem as interações quanto perguntando e conversando a respeito.

Este site ultiliza cookies, para continuar navegando clique em aceitar.